Espanha - Ramallosa / Ponte Vedra - May 2018

Eu e o David fomos praticamente os últimos a deixar o albergue de Ramallosa em direção a Vigo. Responsabilidade minha, já que o tempo não estava particularmente quente e gosto de caminhar de dia 😉

Na véspera, num café-bar muito agradável, o dono aconselhou-nos a seguir o percurso junto ao mar e não fazer o oficial, uma vez que esse seria praticamente todo por estrada e muito urbano. Já tínhamos ouvido informações a esse respeito… Eu confesso que não gosto muito de caminhar nem junto à estrada, nem em cidades. Neste tipo de experiência, para mim é importante estar em contacto com a natureza. Isso ajuda-me a estar mais próxima e atenta ao mundo que me rodeia e a mim mesma.

 Eu e David na praia onde tomámos o pequeno-almoço

O David partilha do mesmo gosto, de forma que resolvemos prosseguir conforme sugerido. Ramallosa é uma terra muito bonita e encontra-se no estuário do Rio Miñor. Os recortes das margens oferecem paisagens lindíssimas, que vão ganhando um azul diferente, à medida que o sol vai subindo no horizonte.

Passámos a praia América, visitada na véspera, e seguimos, sempre junto à margem, entre conversas e silêncios. Passado o porto de Panxón, a costa oferece recortes de praia encantadoras e resolvemos fazer uma pausa numa delas. Eu costumo ser mais frugal, mas o David estava em modo gourmet e eu deixei-me contagiar. Tomámos um valente e delicioso pequeno-almoço!

Com alguma resistência da minha parte, seguimos caminho e pouco depois resolvemos optar por atravessar a reserva natural de Monteferro. Deslumbrante! Este morro é muito verde, e à medida que vamos subindo, o bosque vai-se adensando e dando lugar a uma floresta. Do seu topo, e já com vista para o Atlântico, as paisagens são de cortar a respiração.

Uma das vistas de Monteferro

Quando começámos a descer em direção à praia dos Patos, encontrámos um menino choroso porque não encontrava a família. A coisa resolveu-se rapidamente, já que o pai estava muito próximo. O acontecimento fez-me recordar quando era pequena. Como eu sentia que precisava de estar em espaços conhecidos para me sentir segura e o quanto eu mudei… Atualmente parece-me que é mais fácil encontrar-me em espaços novos. Sinto-me livre nessas ocasiões e sou tão feliz!  Apercebi-me do esforço que por vezes faço ao procurar (re)integrar-me em Lisboa e da facilidade com que se corre o risco de nos perdermos de nós próprios quando procuramos corresponder às expectativas dos outros.

Também com estes pensamentos, chegámos à maravilhosa baía da praia dos Patos. Fui dar um mergulho no mar gelado da Galiza e deixei-me dormitar, embalada pelo calor do sol. Estivemos ali um bom bocado e depois fomos até a um café beber umas cervejas e comer uns calamares, que me souberam pela vida!

Estava radiante e, julgo também por isso, toda a gente era muito simpática comigo. Confirmámos que a partir deste ponto e até Vigo o percurso passaria a ser todo estrada e correspondia à entrada na cidade, pelo que optámos por apanhar um autocarro até a esta cidade piscatória. Daqui, apanhámos um segundo autocarro até Ponte Vedra.

O ano passado fiz o caminho central português, pelo que já conhecia o percurso. Este ano estava decidida a fazer a variante espiritual. É de Ponte Vedra que este caminho tem início.

Chegámos ao bonito município, deixámos as nossas coisas no Albergue e fomos abastecer-nos. O David fez um delicioso jantar e conheci um grupo de pessoas muito simpático e interessante. À conta disso, deitei-me tarde, apressada e surpreendida com as horas. Era urgente deitar-me. O dia seguinte prometia ser longo.

Ponte do Burgo 

English version

David and I were practically the last to leave the Ramallosa hostel in the direction of Vigo. My fault, since the weather was not particularly hot and I like to walk during the day 😉

The day before, in a very nice café-bar, the owner advised us to follow the course by the sea and not to do the oficial path, since this would be practically all by road and it was very urban. We had already heard information about it ... I confess that I do not like walking on the road, nor in cities. In this type of experience, for me it is important to be in touch with nature. It helps me to be closer and more attentive to the world around and to myself.

David shares the same taste, so we decided to proceed as suggested. Ramallosa is a very beautiful village and is in the River Miñor’s estuary. The cliffs of the shores offer beautiful landscapes, which gain a different shade of blue as the sun rises on the horizon.

                      Forest in Monteferro
We passed America's beach, visited the day before, and we continued along the shore between conversation and silence. After the port of Panxón, the coast offers lovely beach cutouts and we decided to take a break in one of them. I tend to be more frugal, but David was in gourmet mode and I let myself be infected. We took a huge and delicious breakfast!

With some resistance on my part, we followed the path and shortly after we decided to choose to cross the natural reserve of Monteferro. Gorgeous! This hill is very green, and as we go up, the woods become denser, giving way to a deep forest. From its top, and already overlooking the Atlantic, the landscapes are breathtaking.

As we began to descend towards the beautiful Ducks’ beach, we found a little boy crying because he could not find his family. The thing was quickly resolved, since the father was close by. The event reminded me of my childhood. How I felt that I needed to be in known places to feel safe and how much I changed ... It now seems to me that it is easier to find myself in new spaces. I feel free on those occasions and I am so happy! I became aware of the effort that I sometimes make when trying to (re) integrate myself in Lisbon and how easily we can lose ourselves when we try to live up to the expectations of others ...

With these thoughts, we arrived at the wonderful bay of the Ducks’ beach. I went for a swim in the icy sea of Galicia and layed down in the heat of the sun. We were there for a while and then we went to a cafe to drink some beers and eat some squids, that tasted divinely! 

I was radiant, and I think that's why everyone was so nice to me. We confirmed that from this point to Vigo the route would be made by road, ending at the city entrance. So we decided to take a bus to this fishing town. From here, we took a second bus to

Last year I did the Portuguese central path, so I already knew the route. This year I was determined to make the spiritual road. It is from Ponte Vedra that it begins (reviewed by Maria João Venâncio).

Ducks’ beach

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