Portugal – Sesimbra – Agosto de 2016

Sou uma privilegiada. Sou portuguesa e vivo num país extraordinariamente bonito!
Portugal está na moda. Lisboa está na moda. Eu assumo que há lugares que, egoistamente, gostaria que fossem secretos.
Um desses sítios é o Meco, paraíso de nudistas dado dispôr de um recorte de praias lindíssimas, de areia grossa, muitas selvagens e frequentemente limitadas por falésia. Por outro lado, para quem gosta de petiscos e de festarola (eu faço parte desse grupo), aqui não faltam bares, restaurantes, tascas e tasquinhas! Gosto tanto que confesso que, não raras vezes, venho para passar o dia e acabo por regressar um ou dois dias depois.
Com as altas temperaturas que têm assolado o país e os incêndios devastadores que têm ocorrido, resolvi refugiar-me aqui por uns dias e visitar uns amigos.
Liguei ao Tiago e ao JP, companheiros de uma viagem que fiz anteriormente, para saber se queriam beber um copo mas estavam estoirados, tinham passado o dia a trabalhar.
Fui desafiada então pelo Tiago para o acompanhar na sua labuta no dia seguinte, tendo-lhe dito imediatamente que sim.
Deixem-me que vos explique que o JP e o Tiago são os donos da operadora Bolhas, uma empresa que promove passeios marítimos, pesca de barco e observação de golfinhos, entre outros. Quem me conhece sabe que me “pelo” por atividades ao ar livre e por programas decididos sem muita antecedência. Por outro lado, estes senhores estão sempre a trabalhar e não é assim tão fácil estar com eles, por isso, “bora lá”!
Chegámos ao porto de abrigo de Sesimbra de manhã, bem cedo. O porto tem um movimento muito próprio, com os barcos de pesca e das diferentes operadoras turísticas a serem abastecidos e preparados para começaremo dia. Há como que uma dança de gaivotas, mais concentradas na área relativa aos armazéns dos pescadores e um cheiro a maresia no ar.
Não há pessoa que o Tiago não conheça, e todos o cumprimentam. Após abastecimento, começámos por levar uma família à praia da Mijona. De facto, a costa de Sesimbra está repleta de pequenas praias, junto à falésia, cujo o acesso é difícil ou mesmo impossível sem ser de barco, são exemplo Alportuche, Calhau da Cova, Galapos, Galapinhos e Figueirinha.
Não sabia, mas fica a informação que a maior falésia calcária da Europa fica nesta zona, com 327 m de altura, e o areal de troia está dentro dos 3 maiores do mundo, com 60 km de extensão - – ah pois é! Pensavam que era só a ponte Vasco da Gama?

O passeio é muito bonito, com alguns recortes de fazer cortar a respiração. Grutas e rochas que lembram animais como a mula, a cabeça de elefante, etc, servem de marcos aos marinheiros.
Largados os primeiros clientes, fomos buscar um grupo de belgas que queriam fazer a observação de golfinhos. Passado pouco tempo de arrancarmos, perto da boia 3, o Tiago reduz a velocidade, chamando atenção para um grupo grande de golfinhos que, aparentemente atraídos pelo som do barco, iniciam um espetáculo para nós. Dão saltos, acompanhando-nos ao longo do percurso, mergulham e atravessam por baixo do semi-rígido e voltam a surgir uns bons metros mais à frente. É fantástico, poder acompanhar a forma majestosa como se movem.
Temos a sorte de estar sozinhos e beneficiarmos deste tempo mágico por praticamente meia-hora, até que uma lancha de 12 ou 14 metros se aproxima a grande velocidade. O Tiago faz sinal para que abrande, mas quem dirige parece não ver. Passados alguns segundos, confirma-se. Era um cretino!
O palerma, acompanhado por um gémeo (imagino eu), ignorou os sinais do meu amigo e, sem qualquer respeito, manteve a velocidade obviamente ilegal na área, tendo como resultado o desaparecimento dos golfinhos.
O Tiago é um homem sensível e de bom coração, características que eu aprecio, e não foi difícil empatizar com o sentimento de que por vezes é muito mais fácil lidar com animais do que com algumas espécimes de pessoas.
Ainda assim, os clientes estavam satisfeitos e lentamente regressámos ao porto, passando no caminho por uma rocha que lembra um leão.


Fomos ainda levar mais uma família à praia do Ribeiro do Cavalo. Como o mar tem fundo com rochas e o sol estava mais alto, ficou evidente para mim porque Sesimbra é escolhida pelos amantes de mergulho ou snorkeling. A visibilidade é excelente.
Quando regressámos novamente, acompanhei o Tiago que quis ir cumprimentar o António, um senhor muito simpático que tem um armazém no porto. Estava acompanhado por um amigo, o Fernando, e aguardava o filho para almoçar. De uma enorme simpatia e generosidade convidaram-nos para lhes fazer companhia ao almoço, o que acabámos por fazer. Umas postas de xaputa e de peixe-espada grelhado, acompanhadas por uma salada preparada com legumes plantados em casa do Fernando, tudo muito bem regado a sangria. Uma maravilha!

Gostei tanto ou tão pouco de os conhecer que, quando o Tiago teve que regressar ao trabalho, fiquei com eles o resto da tarde, a conversar e a usufruir da sua companhia. Que dia tão bom! 



Comentários

  1. Também adoro o MECO, SESIMBRA e SETUBAL...um eixo territorial unico! Parabéns!

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  2. Obrigada João Pedro, é de facto um lugar muito especial.. e não é necessário ir muito longe!

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