São Tomé e Príncipe - Projeto Bio&Energy - Uma perspetiva atual relativa a 2014
Tenho reflectido no que está subjacente à sua extraordinária beleza agridoce...
De facto, este é um
país tão recente que a sua história está inequivocamente associada às pessoas,
paisagens, problemáticas e recursos.
É se
calhar importante lembrar que o arquipélago quando foi descoberto pelos
portugueses, estava desabitado e coberto de vegetação. O cacau, cana-do-açúcar,
café, são introduzidos pelos portugueses nas Roças, que funcionavam como
fábricas de produção que se moviam à força de escravos, trazidos essencialmente
da Guiné e Angola, e assalariados de Cabo Verde.
Depois da sua independência em 1975, o país viveu cerca de 15 anos de um regime
fortemente centralizado, não tendo a população grande cultura de associativismo.
Só nos anos 80 é que começaram a surgir algumas organizações de agricultores,
cujo principal objetivo era a criação de uma força de pressão para a obtenção
de lotes de terra.
Cerca
de uma década depois, o país adotou uma constituição que instituiu o pluripartidarismo. Tanto quanto pude apurar, a mudança do sistema político e a
democratização permitiu o desenvolvimento do movimento associativo e possibilitou
um maior envolvimento da sociedade civil. E este envolvimento da sociedade civil faz toda a diferença!
Em
2014, o meu trabalho em São Tomé consistia em contactar entidades que
trabalhassem no território, perceber o seu âmbito de atuação, os projetos
desenvolvidos, as suas necessidades e os seus recursos. As várias entrevistas que fui
realizando, neste âmbito, acompanhadas pela experiência que fui tendo com o
clima, as pessoas, os cheiros, o mar, foi possibilitando uma visão cada vez
mais complexa, apimentada pelo meu próprio sentir.
Passados
41 anos após a independência, São Tomé e Príncipe é um país marcado por
discrepâncias. A par da beleza das paisagens, da riqueza da flora e fauna, da
simpatia da população e do leve-leve da vida, cada entrevista que fazia expunha
e, posteriormente confirmava, as muitas incertezas existentes no seu processo de
desenvolvimento.
Tive o privilégio de conhecer diversas ONG’s que, frequentemente, em parceria com organismos governamentais e
outras entidades, desenvolvem um trabalho fundamental com vista à promoção da
prosperidade no arquipélago.
Nesse
sentido, fala-vos de Bio & Energy, um projeto de cooperação
entre Portugal e São Tomé e Príncipe, e que me parece um ótimo exemplo! Este
projeto, que teve início em Dezembro de 2014, consiste na produção de biogás
para cozinhar em fogões adaptados e também para iluminação, através da criação
de condições para a digestão anaeróbia de resíduos orgânicos de famílias de
zonas rurais de São Tomé e Príncipe. Vale a pena conhecer!
S. Tomé
e Príncipe apesar do importante progresso alcançado em áreas como: no acesso à
educação, na quase erradicação da malária, na sensibilização e proteção do
ambiente, etc., continua a ter muito espaço para melhorar as condições de vida
da sua população e, julgo eu, é nossa obrigação contribuir nesse sentido. Mas
eu sou apenas uma fervorosa defensora da educação para a Cidadania Global, por
isso sou suspeita J
Diz-se
em S. Tomé que a ilha morde e, apesar do fenómeno da insularidade que leva ao
querer partir, as pessoas acabam por desejar regressar. Eu não tenho dúvidas.
Fui mordida.
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