Espanha - Madrid / Fundación ABD - May 2017
For a
English version, please scroll down
Até há pouco tempo, Madrid não me
despertava grande curiosidade. Estava habituada a ouvir que é uma cidade sem
grande graça, a não ser para festas. Pouco mais do que, “boa para sair à noite”.
Confesso que o facto de não ter mar de certo modo afastava-a das minhas
prioridades.
No entanto (e ainda na sequência
do Caminho de Santiago), surgiu a possibilidade de ir até lá, ter algumas
reuniões e visitar um dos meus companheiros caminhantes, o David.
Voei na 5ª feira de manhã e
cheguei ao meio-dia ao aeroporto de Barajas. Tinha uma reunião nessa tarde na sede
da Fundacion Acción Bienestar y Desarrollo (ABD) e foi com tranquilidade que me
informei como fazer para lá chegar.
Madrid é uma cidade muito grande mas
é servida também por um metro gigante, actualmente com cerca de 12 linhas. Nem
sei se são necessários autocarros, tal é o tamanho da rede!
Fui até à zona de Gregorio
Marañon e dei por mim impressionada com o tamanho dos edifícios.
Escolhi um sítio para almoçar,
procurando observar e perceber o que se passava ao meu redor. O movimento não
era muito diferente dos dias de trabalho de Lisboa. As pessoas apressadas para
comer. As que estavam sozinhas agarradas ao telemóvel ou a olhar no vazio e os
empregados de mesa acelerados, sem parecer ter tempo para nada.
Conscientemente, procurei fazer tudo mais devagar.
Depois do almoço, e sob um calor
seco, resolvi ir até ao Museu Sorolla, antiga casa de família do pintor Joaquín
Sorolla. A casa é lindíssima e fiquei maravilhada com as obras e peças que vi.
Não é por acaso que é chamado o “Pintor da Luz”, a luz retratada nos seus quadros
é verdadeiramente extasiante.
Dali fui até ao Centro de Apoio a
Famílias gerido pela Fundación ABD , onde fui
recebida pela directora, Sílvia Garrrigos. Esta organização surge nos anos 80,
no campo do combate à toxicodependência. Actualmente, tem por missão a gestão
de programas centrados nas pessoas e nas comunidades para promover e fortalecer
a sua autonomia e a convivência com eficácia, ética, qualidade e
sustentabilidade comprovada.
Durante duas horas e meia, tive a
oportunidade de conhecer o espaço, perceber a sua história, como funcionam, que
tipo de respostas dispõem e para onde pretendem seguir. Estes senhores têm
programas que abrangem para além da área das drogas: a da pobreza e inclusão, a
da infância, família e género, a da dependência e das pessoas idosas e a da
deficiência cognitiva.
Fiquei surpreendida com a forma
como estão organizados.
As ONG’s que desenvolvem trabalho
na cidade, trabalham em estreita articulação com o Ayutamiento e a forma de funcionamento é muito particular, diferente
da que eu conheço no contexto português. Achei muito interessante.
Agora o que me agradou mesmo e
deixou fascinada, é que a fundação faz uma aposta assumida na inovação social e
internacionalização, tendo sobretudo em consideração o envolvimento dos seus
colaboradores, dos utentes e da comunidade, na discussão e desenvolvimento de
novas respostas. Foi música para os meus ouvidos!
A Sílvia foi de uma amabilidade
indescritível. Apresentou-me a Cláudia Ribeiro, uma psicóloga portuguesa muito
simpática que se encontra a trabalhar também aqui, e agendou-me uma reunião
para o dia seguinte com a Delegada da fundação em Madrid, que me poderia dar
informações mais concretas sobre estas áreas.
A tarde já ia larga. Feliz com os
conhecimentos adquiridos e as informações recolhidas, despedi-me e fui descontraidamente
até a um bar perto do metro de Iglesia beber uma cerveja, antes de ir ter com o
meu amigo à Plaza de España. Começava a sentir-me realmente embrenhada no
espírito da cidade.
Encontrei-me com o David
literalmente debaixo da estátua de D. Quixote e Sancho Pança, no centro da
grandiosa praça.
É difícil explicar o prazer que
me dá encontrar alguém que conheci numa viagem, num outro contexto… É como se
transportasse com ela o tempo vivido.
Foi com um sentido abraço que nos
cumprimentámos e arrancámos para a zona de Santo Domingo, para uma noite de
“pinchos”, “cañas” e muita conversa 😊
English version
Until recently, Madrid did not arouse much curiosity in me.
I was used to hear that it is a city without anything special, except for
parties. Little more than: good to go out at night. I must confess that the
fact that I did not have access to the sea there, somehow it removed Madrid
from my priorities.
However (and still in the wake of the Camino de Santiago), I
got the possibility of going there, to have some meetings and to visit one of
my fellow walkers, David.
I flew on Thursday morning from Lisboa and arrived at noon
at the Barajas’s airport. I had a meeting that afternoon at the headquarters of
the Fundacion Acción Bienestar y Desarrollo (ABD) and it was easy enough to get
there.
Madrid is a very large city but is also served by a giant
subway, currently with about 12 lines. I do not even know if buses are really
necessary, such is the size of the underground!
I went to the area of Gregorio Marañon and found myself
struck by the size of the buildings.
I chose a place to have lunch, trying to observe and realize
what was going on around me. The movement was not much different from the
working days of Lisboa. People rushed to eat. Those who were alone stared at
the phone or into the void and the waiters ran fast, with time for nothing.
Consciously, I tried to do everything slowly.
After lunch, and under a dry heat, I decided to go to the
Sorolla Museum, the old family home of the painter Joaquin Sorolla. The house
is beautiful and I was amazed by the works and pieces I saw. It is not by
chance that he is called the "Painter of Light", the light portrayed
in his paintings is truly ecstatic.
From there I went to the Support Center for Families managed
by Fundación ABD, where I was received by the
directress, Sílvia Garrrigos.
This organization emerged in the 1980s in the field of drug
addiction. Currently, its mission is the management of programs focused on
people and communities to promote and strengthen their autonomy and coexistence
with efficacy, ethics, quality and proven sustainability.
For two and a half hours, I had the opportunity to visit the
space, to understand its history, how it works, what kind of answers it has and
what kind of goals it pursues. Fundación ABD has programs that span beyond the
area of drugs: poverty and inclusion, childhood, family and gender, dependency
and the elderly, and intellectual disability. I was surprised how they are
organized.
The NGOs that develop work in the city, work closely with
the Ayutamiento and the way of working is very particular, different from the
one I know in the Portuguese context. I found it very interesting.
But in fact, what really pleased and fascinated me, is that
the foundation makes a clear commitment to social innovation and
internationalization, taking into account the involvement of its employees,
users and community, in the discussion and development of new answers. It was
music to my ears!
Sílvia was indescribably kind. She introduced me to Cláudia
Ribeiro, a very nice Portuguese psychologist who is also working there. She
scheduled a meeting for the next day with the Foundation's Delegate in Madrid,
who could give me more concrete information about what were they doing in these
areas.
The afternoon was already long. I was very happy with the
knowledge I acquired and the information I gathered. I said goodbye and went
leisurely to a bar near the subway of Iglesia to drink a beer, before going to
catch up my friend to the Plaza de España. I was beginning to really feel the
spirit of the city.
I met David literally under the statue of Don Quixote and
Sancho Panza, in the centre of the grandiose plaza.
It's hard to explain the pleasure it gives me to meet
someone I've met on a trip, in another context ... It is as if that person
carries that time with her/him.
It was with a heartfelt hug that we greeted each other and
pulled off to the Santo Domingo area, for a night of "pinchos",
"cañas" and lots of chat😊 (reviewed by Maria João Venâncio)
Comentários
Enviar um comentário