Thailand - Goodbye Koh Lanta - Mar 2017
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version please scroll down
Entrei em
movimento de despedida de Koh Lanta há poucos dias.
A época
baixa está a chegar, acompanhada pela chuva.
Como o
turismo diminui, algum do pessoal do hostel é mandado embora. Foi o caso do Nor
e do Zam Oo, os dois birmaneses que conheci em primeiro lugar e com quem
costumava estar todas as noites no bar, habitualmente na companhia de “Papa”
Jack.
Assumo
que para mim as separações não são processos fáceis. Nunca foram. Mas não
pensei que me custasse tanto. Como eles, soube na véspera que se iam embora e
fiquei um bocado desorientada. Estranhei-me neste sentimento de tristeza pela
sua partida, tanto mais porque eu própria vou regressar a casa.
Quando
viajamos sozinhos, estamos sempre a conhecer gente e a separar-nos. Os
viajantes vivem e experienciam mas têm que fazer um permanente exercício de
desapego. Não me custa tanto dizer-lhes adeus porque tenho sempre a ideia que,
mais tarde ou mais cedo, num outro lugar, volto a encontrar-me com eles.
Mas com
pessoas locais é outra coisa! Geralmente não têm as mesmas condições ou
interesse por viajar e sei que a probabilidade de voltarmos a estar juntos é
mais reduzida.
Para além
disso, habitualmente sou eu que me vou embora e, desta vez, sem eu estar à espera,
Nor e Zam Oo partiam primeiro que eu.
Por um
período curto de tempo senti-me angustiada, invadida por um sentimento de
abandono… Passou no momento em que assumi a minha tristeza perante mim própria
e perante os meus amigos e me apercebi da reciprocidade desse sentimento.
Interessante
porque ao contrário do que muita gente defende, apesar de não ser fácil, eu
(tal como as crianças) preciso de dizer adeus. Saber com antecedência do
processo de separação que vai ocorrer e antecipá-lo dentro de mim. E apesar de
ser uma experiência inicialmente dolorosa, o facto de a ter partilhado
(envergonhada inicialmente, confesso), fez com que a transformasse em algo
muito bonito, fácil de guardar.
Por
sugestão minha, organizámos uma festa de despedida. Fui com a Anne às compras e preparámos comida para o pessoal
todo. Elara e “Papa” Jack trouxeram a cerveja e o whisky e Pin e Pon trouxeram
também algumas iguarias a provar ao jantar.
Anne e
Pong, que estavam também a pensar ir embora, decidiram ficar mais uns dias 😊
Achei-os
muito queridos, porque tenho a ideia que se aperceberam do difícil que é separar-me
e da minha sentida amizade. Desde então que faço praticamente todas as
refeições com eles.
E de uma
irritação que sinto há anos, por não querer sofrer com esta minha vulnerabilidade,
surgiu uma aceitação. Sou assim. Ligo-me facilmente às pessoas e sofro quando
me separo delas. Às vezes gostava de ser diferente, mas é como sou e acabo por
ficar grata. Mal ou bem, vivo intensamente a vida 😉
Entretanto,
acrescentei às minhas rotinas diárias o snorkeling. Descobri um spot mesmo
colado ao hostel e, na maré baixa, contemplo o fundo do mar, com os seus
cardumes de peixes de várias cores e os seus corais de tom dourado.
English version
I
started to say goodbye to Koh Lanta few days ago.
Low
season is coming, accompanied by rain.
As
tourism decreases, some of the hostel's staff are sent away. This was the case
with Nor and Zam Oo, the two Burmese I met first and with whom I used to be
every night in the bar, usually in the company of "Papa" Jack.
I assume
that separations are not an easy process for me. Never were. But I didn’t think
it would cost me so much. Like them, I knew the day before that they were
leaving and I was a little disoriented. I questioned this feeling of sadness
about their departure, all the more so because I'm about to go home myself.
When we
travel alone, we are always meeting people and saying goodbye. Travellers live
and experience life but they have to be in continuous state of detachment. It
is not so difficult for me to say goodbye to travellers because I always have
the idea that, at another time, in another place, we will meet again.
But with
local people it's something else! Usually they do not have the same conditions
or interest to travel and I know that the chances of getting back together are less.
Besides,
it's usually me who leaves, and this time, surprisingly, it was Nor and Zam Oo
who left first.
For a
short period of time I felt distressed, overwhelmed by a feeling of abandonment
... It passed in the moment I verbalized my sadness for myself and my friends and
I realized they felt the same.
Interesting
because, contrary to what many people say, although it is not easy, I (like the
children) need to say goodbye. Knowing in advance the process of separation
that will occur and anticipating it inside of me. And although it was an
initially painful experience, the fact that I shared it (ashamed at first, I
confess), made it very beautiful and lasting.
At my
suggestion, we organized a farewell party. I went with Anne to the grocery
store and we prepared food for the whole staff. Elara and “Papa” Jack brought
the beer and the whiskey and Pin and Pon also brought some delicacies to try at
dinner.
Anne and
Pong, who were also planning to leave, decided to stay a few more days 😊
I found
them very sweet, because I have the idea that they realized how difficult it is
for me to separate from my heartfelt friendship. Since then I have practically
every meal with them.
And from
an anger that I have felt for years, not wanting to feel vulnerable, an
acceptance has arisen. I'm like this. I easily bond with people and suffer when
I part from them. Sometimes I would like to be different, but that's how I am
and I end up being grateful. For good or bad, I live life intensely 😉
Meanwhile,
I added the snorkeling to my daily routine. I discovered a spot even near the
hostel and, at low tide, I can explore the sea bed, with its shoals of fish of
various colors and the gold-colored corals (reviewed by Robin Henry Gibson - Thank you so much!!)
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