Thailand - My days in Chiang Rai - Fev 2017



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Estou há uma semana para escrever sobre Chiang Rai. É curioso, a dificuldade que tenho tido em escrever sobre esses dias, ainda para mais porque foram (até agora), os que recordo como mais felizes, desde que comecei esta viagem.

Arranquei de Chiang Mai para o meu destino, muito entusiasmada. Sabia que não teria muito tempo. Tinha comprado o bilhete de avião para Sul, para 3 dias depois, e as duas cidades estão à distância de pouco mais de 3h de autocarro.
Na Tailândia os transportes têm lugares reservados para mulheres e para homens e o autocarro que apanhei era bastante confortável. Meti conversa imediatamente com um francês bem disposto, que se encontra a viver em Chiang Rai há cerca de 8 anos e, passados uns minutos, estava a baralhar tudo porque decidi sentar-me ao seu lado. Para além de dicas do que deveria fazer quando chegasse, o meu companheiro de viagem deu-me a conhecer a sua perspectiva sobre os diferentes contextos culturais e a influência que tem nas relações que estabelece.
Em certa medida, reforcei a ideia que esta cultura valoriza a meditação, a ligação à natureza e o cuidar de si mesmo (comida, massagens, entre outros). É como que um "pacote" complexo mas que as pessoas parecem adoptar naturalmente. 



Chegando a Chiang Rai, eu segui caminho à procura de sítio para ficar.
Meio da tarde, um calorão e os hostels mais preenchidos e mais caros que em Chiang Mai... Normalmente não falo dos sítios onde fico porque, para mim, não é muito importante, mas desta vez não posso deixar passar. Passei em frente ao Ti Amo Cafe House. Pareceu-me muito acolhedor, o valor era aceitável e prometiam um bom pequeno-almoço incluído, mas estava cheio.
Acabei por arranjar outro sítio para ficar mas regressei ao primeiro e reservei cama para o dia seguinte. Foi aí que conheci o Tom, um irlandês muito simpático e atencioso, a viver há cerca de 1 ano na cidade e a gerir aquele hostel. Sem dúvida a boa onda daquele espaço, reflecte o coração daquele homem.
Foi também aqui que me dirigi a um rapaz, aparentemente sozinho (James), que me fez lembrar de imediato o meu querido amigo Ricardo Carolas, e perguntei se estaria interessado em dividir mota para dar uma volta no dia seguinte.

Chiang Rai, em si, não tem muito para ver. O maior ícone é a Torre do Relógio, que oferece um espetáculo de cor e som todos os dias, às 19h, 20h e 21h.
James, respondeu-me de forma evasiva e passados uns instantes senti como se estivesse a responder a uma entrevista de emprego. Fiquei apreensiva. Uma das questões que colocava era se a intenção era fazer um "visto" nos locais turísticos, ou se queria ir ao triângulo dourado para comprar heroína. Expliquei-lhe que não. Argumentei que, se partilhassemos a experiência, ele seria a garantia que nada disso aconteceria.
Estrategicamente juntei Tom à conversa que nos traçou um itinerário super ambicioso para 1 dia.
Lá o convencemos e eu segui sozinha para a Saturday walking street - uma avenida muito comprida que é fechada ao trânsito para dar lugar a espetáculos de rua, barraquinhas de comida de todos os géneros, roupa e outros artigos.
Estava tão bem disposta! Acho que, pela primeira vez nesta viagem, reconheci-me na Maria que estava a viver aquele momento.

Não é fácil explicar. Desde que cheguei à Tailândia, descobri em mim uma faceta mais observadora e contemplativa. O que é muito interessante já que, habitualmente, quem me conhece sabe que eu sou festiva, de gargalhada sonora, mais expansiva... Acho que me senti como se estivesse em casa pela primeira vez. Pode parecer tonto, mas já tinha saudades minhas  Tão boooom!



 No dia seguinte acordei cedo, mudei de hostel, aluguei a mota e arranquei com o James. Eu a guiar e ele como co-piloto. Foi um dia extraordinário!
Visitámos o incrível White Temple, o colorido Blue Temple, a gótica Black House e almoçamos no White Goodness. Seguimos depois até à Buda Cave, às lindíssimas cascatas (julgo que as maiores do país!), as plantações de chá e terminámos no Singha Park.
Aquele dia deixou-nos estoirados e, simultaneamente, criou uma cumplicidade muito especial. James revelou-se um rapaz com um sentido de humor muito refinado e despertou em mim o meu lado mais irónico. Diverti-me imenso!
Jantámos cedo na Sunday Walking street (outra conjunto de ruas semelhante ao da véspera) e regressámos ao hostel.

É engraçado que o viajar sozinha está também ligada ao querer sentir-me livre para fazer exatamente o que me apetece. Depois dá-se o aparente paradoxo de frequentemente me encontrar à procura de alguém para partilhar essas experiências e é nessa partilha que algumas pessoas, ainda que por apenas algumas horas, passam a fazer parte da nossa vida. O James será inevitavelmente uma delas.
O restante tempo em Chiang Rai foi mais descontraído, marcado pelas pessoas que conheci. Tive a sorte de conhecer o Frank, um americano muito simpático, que me deu uma boleia e me mostrou o templo do Buda de jade.
A verdade é que o hostel era tão acolhedor que parecia só atrair boa gente. Para além do meu amigo James, tive a oportunidade de conviver com o Chris, a Kris, a Maria do Céu, Athikah, Cristina, entre outros.
Estou ainda muito grata pelas conversas que tive com o Tom, um verdadeiro pai para todos nós. É, foram uns dias óptimos…Senti-me tão feliz por estar tão bem acompanhada e tão eu!


English Version
I've been trying to write about Chiang Rai for a week. It is curious how difficult it has been to me to write about the days I spent there. Even more because those days were (so far) the happiest ones I’ve had since I started this trip.
I went from Chiang Mai to my destination and I was very enthusiastic. I knew I would not have much time. I had bought the ticket flight to South for 3 days later.
In Thailand, the transportation has places reserved for women and men and the bus I picked up was quite comfortable. I started talking immediately with a well-disposed Frenchman, who has been living in Chiang Rai for about 8 years. After a few minutes I had shuffled everything because I decided to sit next to him. Apart from tips about what to do when I arrived, my travel companion gave me a chance to get to know his perspective on the different cultural contexts and the influence that it has on the relationships he establishes.
In a certain way, I reinforced the idea that this culture values meditation, attachment to nature and caring for oneself (food, massages, among others). It's seems like a complex "package" that people adapt to naturally.
After arriving in Chiang Rai, I went looking for a place to stay.
It was in the middle of the afternoon and it was very hot. Most of the hostels were crowded and more expensive than in Chiang Mai ... I usually do not talk about the places I'm staying because it's not very important to me, but this time I can not avoid it. I passed in front of Ti Amo Cafe House. It seemed very cozy, the value was acceptable and they promised a good breakfast included, but it was full.
That night I ended up getting somewhere else to stay but I went back to the other one and booked a bed for the next day. There I met Tom, a very friendly and considerate Irishman, running the hostel and living there for about a year. I don’t have any doubts that the good vibration of that space reflects the heart of that man.
It was also here that I talked to a young man, apparently alone (James), who immediately reminded me of my dear friend Ricardo Carolas, and I asked if he would be interested in sharing a motorcycle for a ride the next day.
Chiang Rai itself does not have much to see. The biggest icon is the Clock Tower, which offers a spectacle of color and sound every day at 7pm, 8pm and 9pm.
James, answered me evasively and after a moment I felt like I was applying for a job. I was apprehensive. One of the questions he posed was if it was my intention to make a "check" at the tourist sites or if I would like to go to golden triangle in order to buy heroine. I explained that that wasn’t my idea at all. I argued that if we shared the experience, he would be guaranteed that it would not happen.
Strategically I asked Tom to join the conversation and he laid out a super ambitious itinerary for 1 day.
Fortunately we convinced James and then I took some time and went alone to the Saturday walking street - a very long avenue that is closed to traffic, on Saturdays to make room for street shows, food stalls of all kinds, clothes and other articles.
I was so happy! I think, for the first time on this trip, I recognized a Maria who was living that moment.
It isn’t easy to explain. Since I arrived in Thailand, I have discovered myself as a more observant and contemplative person. This is very interesting since, for those who know me know that usually I am festive, with a loud chortle and am an expansive girl... I think I felt like I was at home for the first time. It may sound silly, but I already missed myself! So gooood!
The next day I woke up early, changed hostel, rented a motorcycle, and I started my ride with James. I was the driver and he was the co-pilot. It was an extraordinary day!

We visited the incredible White Temple, the colorful Blue Temple, the gothic Black House and had lunch at White Goodness. Then we continue to Buddha Cave, the beautiful waterfalls (I think the largest in the country!), the tea plantations and we ended up in Singha Park.

That day wore us out and simultaneously created a very special complicity between us. James turned out to be a man with a very refined sense of humor and he awakened in me my more ironic side. I had a lot of fun!
We had dinner early on the Sunday walking street (another set of streets similar to those the previous day) and we returned to our hostel.
It's funny that traveling alone is, for me, also connected to wanting to feel free to do exactly what I want. Then there is the apparent paradox that I often find myself looking for someone to share these experiences and it is in this sharing moments that some people, even for just a few hours, become part of our lives. James will inevitably be one of them.
The remaining time in Chiang Rai was more chilled out, marked by the people I met. I was fortunate to meet Frank, a very friendly American, who gave me a ride and showed me the temple of the jade Buddha.

The truth is that the hostel is so welcoming that it just seems to attract good people. In addition to my friend James, I had the opportunity to live with
Chris,  Kris, Maria do Céu, Athikah, Cristina, among others.
I am still very grateful for the conversations I had with Tom, a true father to all of us. Yes, it was very good days ... I felt so happy to feel so well accompanied and so myself!
(Reviewed by Elara Willens - Thank you so much!!)

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