Brasil - São Paulo/ Cotia - Projeto Âncora - Março 2016


Os últimos dias em São Paulo foram muito enriquecedores com a visita ao Projeto Âncora, uma associação civil que tem por missão melhorar a realidade de crianças e adolescentes de Cotia. Eu achei o projeto na área da educação interessantíssimo!
De facto, corresponde a uma escola de ensino com uma filosofia educacional inovadora, inspirada na Escola da Ponte (em Portugal), trazida pelo Professor José Pacheco, que utiliza um novo sistema de ensino que privilegia e promove a Cidadania. Atualmente, o Projeto Âncora procura expandir esta experiência que desenvolve para além dos muros da escola, para que o espaço de aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos seja ampliado para toda a cidade… e eu encantada com o que fazem.
Os brasileiros não brincam, e apesar da situação política e económica que perturba o país, são de uma criatividade extraordinária!
Não sei se é por essa razão, pelo facto de eu verdadeiramente estar fascinada com o potencial inovador deste povo, de o verbalizar e das pessoas estarem tão perturbadas, sou brindada com uma generosidade que não raras vezes me comove. Estava a falar com uma professora sobre este assunto e, passado uns instantes, ela ofereceu-me a pulseira dela, feita de sementes de pitanga. Fiquei entre o surpreendida e o sensibilizada, sem ter justificação para o gesto (é muito bonita, mas nem se quer a tinha gabado) a não ser o eventual conforto com que foram sentidas as minhas palavras, numa altura em que os brasileiros se sentem com uma auto-estima e confiança mais reduzidas.



Não quero tomar posições, mas da informação que tenho recolhido, o que se passa tem muito a ver com interesses políticos nas eleições de 2018. Com todas as questões políticas que são levantadas, a comunicação aqui é um monopólio, detido pela oposição e sem outra versão dos factos, a não ser (por incrível que pareça) o “El País”.
O Lula está a ser investigado (e parece-me bem que o façam), mas, ao que parece, todos os políticos estão a ser investigados, inclusive a pessoa que poderia ser oposição, e, dessa parte, ninguém fala nisso na comunicação social.
Assim, sem pensar muito, a possibilidade que existe agora dos políticos serem investigados ou de serem realizadas manifestações, parece-me um salto gigante em termos democráticos para o que alguma vez houve.
E o problema assumido por todos é que o que está aqui em questão é o suposto “assistencialismo” presente nas políticas de ascensão social das classes baixas nos últimos anos, que retiraram da miséria absoluta cerca de 40 milhões de pessoas... não sei o que vos diga, mas fico estarrecida com o estilo de raciocínio.
E perante um país que foi capaz de inventar o Orçamento Participativo, replicado internacionalmente, e outros instrumentos interessantíssimos que conferem a possibilidade às pessoas de intervirem, o Brasil parece permanecer simultaneamente com uma forte influência do pensamento colonialista, de que uns foram feitos para ser Senhores e os outros para ser seus Empregados – culpa nossa, seguramente, mas até quando os portugueses vão continuar a ser responsáveis por uma não mudança a este nível no Brasil? Vai ser para sempre?

Mas deixando a política, o último dia em São Paulo foi extraordinário, com ida ao MASP (o museu de arte da cidade) e ao SESC Pompeia, uma antiga fábrica recuperada para centro cultural, de acesso livre e que funciona muito graças à responsabilidade social de empresas. Gostei imenso!

Ainda tive a oportunidade de me cruzar com o Juca, um rapaz que vivia e trabalhava em Paço de Arcos – Alto da Loba – e que, pelos vistos, regressou ao Brasil. Dá para acreditar?

(NOTA: Esta crónica é relativa a uma viagem realizada em Março de 2016. Corresponde ao que vivi e senti à data)

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